sexta-feira, 6 de novembro de 2015

O cão perigoso

Aquele cão grande de raça
é perigoso,
está a ladrar a quem passa,
quer ferrar os dentes num osso,
ou nas minhas canelas,
é só ameaça, diz o dono,
ele não faz mal, está só a afinar as goelas,
o meu cão é tão meiguinho, e tem tanta graça,
ele não faz mal nem às cadelas,
só ameaça

Ão, ão, ão,
é tão meiguinho o meu cão
e não caga na rua, caga no jardim,
diz o dono cagão,
ão, ão ,ão

Ão, ão, ão,
é tão, tão, tão
meiguinho o meu cão,
e tão meu amigo o meu cão,
não tenha medo do meu cão,
ele não morde,
só quer festinhas, quer ver?
ele não morde,
tá a ver

Ão, ão, ão,
ai que ele vem atrás de mim,
ó pernas para que vos quero,
digo eu, com as calças na mão
cagado de medo

Não me mordeu o cão perigoso,
mas eu mordi o dono,
abocanhei-lhe o pescoço
e dei-lhe um pontapé no estômago
(isto imaginei eu enquanto fugia
a sete pés do colosso)