sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Espantalho

Ó estrelas do céu, daqui deste meu abrigo
quero segredar-lhes apenas estas palavras
que definem o meu corpo nado e mendigo,
valho menos do que um espantalho das searas

Ele espanta pardais e segue o som da tramela,
está sempre de braços abertos, faz rir quem passa,
ele é espantalho e também faz de sentinela
de noite e de dia, não se cansa, nem disfarça

Quero ser de palha como o espantalho de palha,
não lhe bate no peito um coração vermelho
e rejuvenesce quando lhe mudam a palha

Ó estrelas do céu, tirem-me a carne e o cabelo,
encham-me de palha fresca e de penas de gralha,
fico espantalho, mas não engelho de velho