quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Alexander Litvinenko

O meu sonho de criança
era ser espião,
um espião duplo com muita manha
a transitar entre o oeste e o leste,
entre a federal Alemanha
e a democrática Alemanha,
a correr como uma lebre
nos cais da estação de Friedrichstrasse
que dividia Berlim Oeste de Berlim Leste
nos tempos da guerra fria com graça

O Litvinenko era espião,
talvez só dum lado,
talvez duplo e cheio de razão,
mas Litvinenko, esse coitado,
morreu deitado numa cama de um hotel
de Londres,
morreu cheio de veneno o Litvinenko,
do pior que há, morreu amarelo
cheio de polónio e de dores,
e já não havia
guerra fria

Morreu o Litvinenko
há dez anos,
os ingleses dizem agora que foi
o Putin que o mandou matar,
este diz que não,
eu gostava tanto de ser espião