sábado, 16 de janeiro de 2016

Noite estrelada

Noite fria, noite estrelada,
mas que imensidão tão quieta,
tão muda, tão profunda, tão sagrada,
tão secreta,
tão cheia de brilhantes,
por que razão brilhas
ó imensidão,
se não me dás os teus diamantes,
nem as tuas safiras?

Noite fria, noite estrelada,
tudo é imenso
e eu tão pequeno, tão quedo,
tão pouco, tão quase nada,
sinto-me um brinquedo
nas mãos de uma entidade
que se diverte com o infinitamente grande,
com o infinitamente pequeno,
com o efémero, com o eterno,
que se diverte com o meu medo
de ser e depois não ser

Sim,
sou um brinquedo
deste universo,
mas, brinquedo por brinquedo,
queria antes ser estrela,
mesmo que fosse pequenina,
uma estrela de pau de canela
a iluminar uma luazinha
verde e bela
habitada por princesas e príncipes,
na minha luazinha sempre a luzir
a vida seria muito feliz

Mas não sou estrela,
não, não sou estrela,
e, apesar de ter este céu
ao alcance do meu olhar,
não o consigo alcançar,
e desespero, e desespero,
e desespero ...

Digam-me que o céu
não é assim tão belo,
digam-me que ele é uma ilusão
que me é mostrada pelo poder imenso
do vazio da escuridão,
digam-me ... digam-me ...

Noite fria, noite estrelada,
tudo tão imenso e eu nada