quarta-feira, 29 de março de 2017

Fumos e ventos

Fumos de fogueiras
ateadas no palco da guerra
são trazidos por ventos
pestilentos
que a matéria ardida encerra
Corpos humanos, equipamentos
destruidores da esperança, do bem-estar,
do respirar,
equipamentos feitos para estalar
e transformar em estilhaços
vidas que sabiam amar
e  que são agora apenas pedaços
de corpos a fumegar
É fácil disparar e apanhar
os corpos,
o vencedor corre a gritar,
ganhei, ganhei, tenho menos mortos

domingo, 19 de março de 2017

É quase Primavera

Hoje dormi a sesta,
quando despertei
as raras réstias
da luz solar na terra
eram varridas
pelas últimas aragens da tarde,
já sem força
para ventanias
nem para tempestade

Os pássaros que habitam
a grande árvore
da minha rua
já cantam
a Primavera
e eu sinto
que a janela
já aberta
não inunda de frio
o meu refúgio

Espero ouvir ainda o cuco
nesta Primavera
que se anuncia,
mesmo que venha rouco,
ou com pouca energia,
como eu estou

quinta-feira, 16 de março de 2017

Espasticidade

Transporto
este corpo
todo torto
encolhido
Já chega,
digo eu
aos astros
que mandam
na gravidade,
e dizem os meus maestros:
anda assim
porque tem muita espasticidade
Merda,
já não aguento este latim