segunda-feira, 4 de maio de 2015

Acudam ao fogo

Acudam ao fogo,
acudam ao fogo,
gritam os aldeões
a plenos pulmões,
o fogo começou no Covão do Corvo
e já chegou às Covas Largas,
Deus nos acuda se ele chega
às Penas do Talho da Cova,
gritam os aldeões
a plenos pulmões,
Deus nos acuda,
que ainda arde isto tudo

Toda a aldeia é um grito,
acudam ao fogo,
os bombeiros andam por outros lados,
não podem acudir aqui,
forquilhas, enxadas, ramos frescos,
baldes de água da lagoa, sachos,
tudo serve para atacar o fogo

Olhem,
o fogo já chegou à Lagoa do Braçal,
ao Chão do Louro, ao Casal do Gaio,
ao Vale da Pedreira
ao Cabeço da Pia,
ao Algar da Carreira,
vamos todos acudir à casa do Perpétuo,
se ele pega na Choisa Longa
depressa chega ao Vale da Ceta,
acudam ao fogo,
gritam os aldeões com mais força

Quando acordei,
o almoço já não tardava,
a aldeia estava calma e a grei
saía da missa à gargalhada,
afinal, o fogo que incendeia
a minha aldeia sempre que se encontra
com uma acendalha,
não andou por lá agora,
aliás, chovia que Deus a dava