sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Dia da feira

Eu tinha um tacho,
um tacho de barro,
mas esse meu tacho
abriu uma racha
e fiquei sem tacho

E hoje fui à feira,
à feira dos quatro,
com o pé-de-meia
comprei outro tacho,
outra vez de barro

E diz-me um vizinho,
tenho um tacho assim
já muito antigo,
era onde a velhota
fazia a cachola

E lembrei o dia
da morte do porco,
era uma alegria,
todos de borco
a molhar a fatia

De broa fresquinha
no molho de alho,
banha e cebolinha
a guisar no tacho
e mais a carninha

Cortada do reco
já morto e aberto
de pernas para o ar
com o sangue a pingar
para o alguidar

Era uma alegria,
matava-se o porco
e naquele dia
a gente comia
o melhor do porco

Mas só nesse dia,
no dia seguinte
via a salgadeira
a vazar de cheia
de gordo toucinho

A febra e o lombo
serviram de troca,
o toucinho gordo
era mais que um porco
e enchia mais sopa