domingo, 26 de janeiro de 2014

Luar de Janeiro no Mar da Palha

A noite começou fria e escura
e de repente,
lá dos lados de nascente,
apareceste tu ó Lua,
vinhas vestida de cor ardente
e depois cor de laranja
e, com trejeitos de galante,
estendeste os teus cabelos de luz
pela planície feita de mar
e aí desenhaste um caminho de luar
por aonde me apetecia caminhar

Mas afinal quem és tu ó Lua
que ora te escondes, ora apareces,
umas vezes minguante, outras vezes de cara cheia,
vá lá não sejas pedante
julgas que eu não sei que a luz que ofereces
não é tua, mas alheia

Mas ó Lua, se não dizes quem és
diz-me ao menos porque continuas aí pendurada
sempre previsível e conformada,
faz qualquer coisa,
revolta-te, explode, desintegra-te,
vai banhar-te a Marte,
choca com a Terra,
apaga-te ou transforma-te em estrela,
vai passear até Júpiter,
faz um milagre
ou então faz um pacto com Lúcifer,
entorna os oceanos, rebenta...rodopia

Está bem ó Lua,
segue o teu caminho errante
e não faças nada do que eu disse,
mas quando voltares a aparecer assim de cara cheia,
provocante e arrogante,
vou fazer-te um feitiço
e vais deixar de ter luz alheia,
ficas pior que um cortiço
sem abelhas nem geleia