domingo, 3 de agosto de 2014

Agosto

E chegou Agosto, e já estamos em Agosto,
e temos praia, sol e chuva de muitas estrelas,
as lágrimas de São Lourenço após o sol-posto,
são os restos do Swift-Tuttle e de outros cometas

E eu que gosto tanto dos cometas,
são bonitos, são angélicos,
são vagabundos, são  borboletas,
e, ainda por cima, não são esféricos

E os cometas têm cauda e esporas
e talvez não sejam o que se diz,
pois parecem setas voadoras
disparadas por arlequins

Ou serão antes flores aladas
lançadas ao vento estelar
por estrelas apaixonadas
e com ânsias de amar

Ou serão amuletos do mal
que anunciam fomes na Terra
deixados no espaço sideral
por algum deus da guerra

Ou serão naves tripuladas
por seres alienígenas
que esqueceram as coordenadas
do lar de onde são indígenas

Ou serão as trombetas do apocalipse
tocadas pelos cavaleiros do inferno,
ou não houve alguém que já disse
que o mundo acaba no próximo inverno

Ou serão apenas e afinal
cornetas sopradas por querubins
que anunciam o Dia do Juízo Final
às almas penadas e afins

Sejas o que fores ó cometa,
espero que na tua próxima viagem
a este terráqueo planeta
eu ainda esteja nesta paragem

O quê! dizes-me que voltas cá
só daqui a um século
e que então o que é já não será
e que eu serei um tubérculo

Vai-te ó mau mensageiro
desta minha Via Láctea
e que te façam prisioneiro
já na próxima galáxia

E daqui a um século
eu serei um unicórnio alado
e não um tubérculo,
seu pedaço de gelo com rabo

E se então te encontrar no espaço
mandar-te-ei contra um planeta,
ficarás morto, despedaçado,
e ninguém saberá que foste cometa

Esperem, estou a delirar

Eu só queria falar do mês de Agosto
e, afinal, fiquei zangado com um cometa,
desculpem o desvario da minha caneta,
às vezes não me obedece e o verso sai torto
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Que tenham um excelente Agosto