sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Ao António Variações

Ele era um Anjo
e não sabia que o era,
mas ele vestia de branco
e de primavera

Ele era trovador
e sabia que o era,
cantou-nos a sua dor
e a sua quimera

Ele era poeta
e sabia que o era,
leu-nos a sua alma
e o seu corpo de sal

Ele queria viver,
não importava até quando,
mas ele era um Anjo
e não tinha que morrer

Mas morreu, e morreu de morte traiçoeira
que espreita os corpos que ardem de desejo,
vai-te ó morte cínica, vai-te ó morte matreira,
não maces mais os amantes com o teu bocejo

E ele morreu
e de nada lhe valeu
o seu Anjo da Guarda,
morreu ele,
mas não morreu a sua palavra,
mas não morreu a sua canção,
essas nunca morrerão