terça-feira, 23 de setembro de 2014

A queda de uma folha

Olá,
sou uma folha verde muito gira,
sou limbo, pecíolo e bainha,
sou aérea e simples no corte,
tenho forma ovada e sou fendida
no recorte

São várias as minhas nervuras,
sou palminérvia,
mas não sofro dos nervos,
nem de tonturas,
sou abstémia,
só bebo da seiva bruta
que, com a minha fotossíntese,
se transforma em seiva elaborada
e alimenta a minha árvore,
enfim, sou uma folha exemplar

Mas recebi ordem de expulsão,
sim, vou ser expulsa,
sem nenhuma razão,
sem nenhuma culpa
formada,
e até já estou a mudar de cor,
estou a ficar amarelada,
estou a ficar seca de dor

E a minha bainha
já quase não se agarra
ao caule da minha árvore,
estou a ficar muito fraquinha,
acho que vou cair,
e vem aí um vendaval,
ai que vou cair,
já quase não sinto o caule
que me segura à minha árvore,
ai que vou cair,
quem me agarra? quem me agarra?
ai que caio, ai que caio,
e caí,
caí no chão, caí na lama,
caí e já não me sinto,
acho que morri
------------------------------
Começa hoje o Outono de 2014