sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

A natureza do homem

O sexo e a natureza
são os motores do homem,
o sexo dá prazer e reproduz
e a natureza dá-lhe a luz,
o belo e o que ele bebe e come

Mas o homem quer mais,
ele trabalha para isso,
mas podia não fazer nada:
ele tem que comer,
a natureza o dá,
ele tem que beber,
a natureza o dá,
ele tem que se aquecer,
o natureza o faz,
ele tem que dormir,
o sono o satisfaz

E ele podia viver em paz,
mas não consegue,
porque quer sempre mais

Mas porque quer o homem
sempre mais?

Porque o homem discerne,
é inteligente,
e por isso é diferente,
se fosse animal só de sexo,
só de comer, só de beber,
só de dormir,
seria um animal menos complexo,
comeria e beberia apenas do que havia
e chegar-lhe-ia

Mas não chega,
o homem quer mais, sempre mais,
e, por isso, inventou deuses e demónios,
o bem, o mal e os demais,
as guerras e os ódios,
a escravatura e o trabalho,
as armas e os clãs,
as pátrias e os territórios,
a política e a esperança,
o dinheiro e a artimanha,
a inveja e a vingança,
e não lhe chega,
e não lhe chega tanta abastança

E depois morre
e julga que hiberna,
e o homem quer sempre mais,
vejam, ele até quer a vida eterna!
e o que ele faz,
e o que ele não faz,
para ganhar a vida eterna,
a vida eterna de sorriso,
de prazer, de felicidade,
nos jardins etéreos do paraíso,
e o que ele faz e não faz para isso!

Isto tudo
porque o homem discerne,
é inteligente,
mas, seguramente,
o homem não é mais do que um acidente
da natureza