O rio da minha aldeia
Sempre imaginei
a minha aldeia com um rio,
ali a nascente,
acolá um açude,
e mais além uma ponte,
águas revoltas no inverno
e talvez mansas no verão
O rio da minha aldeia
seria o mais bonito de todos
Mas a minha aldeia
não pode ter um rio,
lá não brota água
porque as entranhas das penedias
estão secas
As pedras, essas sim,
é que parecem brotar do ventre da terra,
são tantas e tão claras,
que tornam o ambiente agreste
em alvura,
até as pessoas parecem ser de pedra
Mas o rio que eu imagino
e que corre pela minha aldeia
é mesmo o mais belo de todos os rios,
porque é o rio que corre pela minha aldeia