sexta-feira, 18 de julho de 2014

Os "bags" de cinco litros

Que saudades tenho dos garrafões
de vidro empalhados
de 5 litros que levavam vinho, azeite,
aguardente,
ou o que se quisesse meter lá dentro,
eram a nossa imagem mais perfeita
como povo rústico e bonacheirão,
mais nenhum povo teve um garrafão
como o nosso garrafão

Agora temos aqueles pacotes
que se chamam "bags",
são higiénicos, simpáticos, coloridos,
bonitinhos, com pegas
ergonómicas
e outros picotados de muitas pregas

Mas a minha falta de jeito
para lidar com recipientes hodiernos
torna-se drama com os "bags",
é que nunca consigo pôr direito
aquele mecanismo tão terno
(que é a torneira dos "bags"),
eu dou-lhe voltas, acaricio-o, massajo-o,
envolvo-o com as duas mãos,
puxo-o para fora com cuidado,
mas nunca o consigo pôr direito
a correr para baixo,
será só a minha falta de jeito
para agarrar no pacote?

Talvez, mas se alguma vez
o meu "bag" estoirar
e entornar todo o tinto,
ou todo o branco,
vou-me ao vendedor
e não saio de lá sem um garrafão
de cinco litros de tinto, ou de branco,
do melhor,
e não me digam que o vinho entornado
traz alegria e felicidade,
até pode ser que sim,
mas eu prefiro a alegria que me dá
beber um copo de vinho bem cheio,
do que vê-lo derramado pelo chão,
é que, como já dizia o velho taberneiro,
vinho entornado nem as galinhas o apanham