sexta-feira, 20 de março de 2015

Eclipse do Sol

Mas de onde veio este ovo
que se pôs à minha frente
e que me impede de ver o povo
que vive no meu planeta Terra?,
foge daí seu estorvo,
não passas de uma bola de pedra
escura como um corvo,
não basta roubares-me a luz
e armares-te em luar?,
vai-te, até parece que tenho um cisco no olho,
vai, vai passear

Ó Sol, ouve lá, meu,
tipo, estás para aí a resmungar
para quê?
Eu sou a Lua, a filha do Azar,
controlo na Terra as marés
e curto bué fazer-te zangar,
empurra-me com os pés,
se fores capaz

Entretanto, na Terra,
reuniram-se os astrólogos e os astrónomos:
este sinal do céu anuncia uma grande guerra
e o Apocalipse,
concluíram os astrólogos;
não, não é isso,
isto é só mais um eclipse,
mais um eclipse do Sol,
concluíram os astrónomos;
também se juntaram muitas velhinhas
no adro da capela da Nossa Senhora do Ó
a louvar mais um milagre do Sol,
acenderam muitas velinhas
e rezaram pelas alminhas
que estão no Purgatório,
que o Sol as leve mais depressa para o céu