sexta-feira, 18 de abril de 2014

O sítio das penas do talho da cova

São penas porque são rochas, penedos,
mas também são penas porque são tristezas,
lamúrias, medos.
A cova é o vale, a depressão,
mas também é o buraco onde cabem corpos
embalados em credos.
A morte não ocupa espaço,
é um simples rectângulo
da superfície às profundezas,
e, rodeada de cedros,
desfaz-se.

Ah!, mas a vida,
essa sim, ocupa espaço e tempo,
é imensa.
Nasce, cresce, rodopia, voa, emerge,
submerge, respira, ri, chora,
come, mata , defeca,
ejacula,
e ama, e odeia, e pensa,
e discute, e peca.

E, por fim,
um pequeno rectângulo
e um corpo
embalado em credos
e rodeado de cedros,
desfaz-se.