sábado, 10 de maio de 2014

Indecifrável

Carrascos e tojos,
escardoça nas janelas,
erva seca e palha aos molhos
empilhados nas medas

Urzes e alecrim,
urtigas e papoilas,
não esperes hoje por mim,
vou atrás das moçoilas

Rezas e pozinhos,
malmequeres, bem me queres,
santos e santinhos,
quartas e meios alqueires

Frio e correntes de ar,
sótãos com êngoras,
ratazanas no lagar,
cagadoiro fora de portas

Cheiros a bosta e a unto,
aguardente e gemadas,
toucinho em vez de presunto,
mexudas e tachadas

Ventosas e papas de linhaça,
garrotilho e esfoira,
nascidas e febre da carraça,
prepara-te para a lavoira

Cangas e aguilhões,
cangostas até à cerrada,
fugiu uma vaca ao Simões
e emborcou-lhe a carrada

E eu à frente das vacas
e atrás a charrua e o rego,
ficavam as terras lavradas
e eu lavado em suor e ofego