domingo, 25 de maio de 2014

Dia de eleições

Hoje vesti o meu fato novo,
uma camisa branquinha
e uma gravata cor de ovo,
e fui pôr uma cruzinha
no meu boletim de voto

A primeira vez que dei o meu voto
(note-se que nunca mo compraram)
foi nas primeiras eleições
da nossa democracia
e andava tudo aos encontrões,
quase ao murro,
tal era a vontade de chegar primeiro,
ora agora empurro
eu, ora agora empurras tu

Eu, que já era licenciado em materialismos dialécticos,
estava na dúvida em dar o meu voto aos estalinistas,
aos trotsquistas, ou aos maoistas,
acho que escolhi os mais dialécticos

Agora é tudo tão ordenado,
tão limpinho, tão civilizado,
sem confusões,
que me deixa confortado,
mas, que pena a minha,
já quase perdi as ilusões

Mas hoje votei para a Europa,
votei, porque voto sempre
e porque quero uma Europa
mais solidária, mais fraterna, menos egoísta,
uma Europa que não seja só dos ricos
que vão de vento em popa,
uma Europa de pleno emprego
e sem os truques da alta finança
que nos provocam medo
e que nos tiram a esperança

Hoje votei para a Europa
porque sim,
porque ainda acredito
e sei que sem esta Europa,
mesmo com muitos defeitos,
voltará a guerra e a fome;
que façam um bom trabalho
senhores eleitos