sexta-feira, 13 de junho de 2014

Meia-idade

Crise da meia-idade,
ou da idade mais do que meia,
tanto faz,
finge-se que não é,
mas é verdade,
e olha-se para trás,
mas não adianta,
nem atrasa

Crise da meia-idade,
ou da idade mais do que meia,
esmorecem-nos os músculos
e esvai-se a lucidez,
mas, ó Panaceia
porque não governas?
e porque é que os cremes para as rugas
não prestam?
nós não queremos a fealdade da nudez,
nem o sofrimento, nem as verrugas,
nem os tremeliques, nem a a rigidez
das articulações,
queremos ser sempre sãos
e belos,
até ao fim

E ai o fim, e ai o fim,
e pensamos sempre no fim
como nunca tínhamos pensado,
e o fim é o futuro,
mas um futuro com prazo
que é o fim,
e o passado passado
é apenas passado

Crise da meia idade,
ou da idade mais do que meia,
e tudo isto
porque este ser que somos
que sonha, que discerne, que anseia,
que faz o bem, que faz o mal,
é o único animal terrestre
que sabe do seu final,
melhor seria que não soubesse