sexta-feira, 27 de junho de 2014

A minha aura

A frescura
das margens de um ribeiro
de água pura
a correr por um caneiro
com pressa de chegar,
talvez ao mar

E a sombra de uma acácia
também pura, também fresca,
que refresca
quem está e quem passa
nas margens do ribeiro
que alimentam o melro e o moleiro

E que também alimentam a minha aura,
fresca, mas também quente,
como um banho de sauna,
olhem, estou a levitar, sou transcendente,
imóvel, mas sempre a viajar,
ó ribeiro, leva-me contigo para o mar

O ribeiro não me levou,
fiquei estático e aluado,
afinal, não sou mais do que sou,
mas ainda sonho que sou alado,
será que preciso de voar
para continuar a sonhar?

Guarda-me ó ribeiro,
protege-me ó acácia,
o vento que sopra é sobranceiro,
quase desmorona a minha estátua,
eu quero continuar a levitar,
eu quero continuar a sonhar

Resguarda-me ó minha aura,
não te evapores, não rebentes,
quero estar junto desta água pura,
assim, desligado, transcendente,
dentro de ti, minha aura dourada,
porque fora de ti serei ninguém, serei nada