domingo, 29 de junho de 2014

Futebol 

Chuta, cruza, passa, defende,
marca, rasteira, canto, golo,
não foi, estava fora de jogo,
fora o árbitro, tá contra a gente

A bola rebola, não é quadrada,
saltita, pula, foge, é fora,
passou a linha, foi embora,
foi por alto, para a bancada

Ó tu aí, estás por quem?
o quê? não és dos nossos?
quebro-te já o nariz, os ossos,
eu e a minha trupe do Borratém

A bola rebola, é esférica,
quem a chuta é profissional,
quem a coseu vive muito mal,
é criança, tem fome, é esquelética

Ai a minha canela, ai o meu joelho,
não posso jogar, não marco golo,
deram-me cabo do artelho,
e acordei com um torcicolo

E o seleccionador não me escolhe,
apesar de ser muito famoso,
mas faço-me de manhoso
e digo-lhe que já não me dói

A bola rebola e é de sola,
agita e lava muito dinheiro,
uns jogam por amor à camisola,
outros para encher o mealheiro

E quem desmaia já não joga,
chuta, cruza, rasteira, golo,
não foi, a bola foi para fora,
ora bolas, mas que desconsolo

Rebola a bola profissional,
mas eu prefiro a bola de trapos
e os chutos dos putos no lamaçal,
felizes, descalços e já craques

Finta, corre, finta, leva a bola
colada aos pés, olha, remata, golo,
a bola entrou mesmo na gaiola,
foi golo no último minuto do jogo

E que o Brasil seja o campeão
do seu campeonato do mundo
de futebol e de muita ilusão
e que acache o seu "mundo imundo"

Que haja samba, bundas e capoeira,
alegria nas favelas e nas avenidas,
nos matos, planaltos e campinas,
"para tudo acabar na quarta-feira"